Eleonor
B. Roosevelt não era americana, muito menos rica. Nascera numa puta que o pariu
qualquer de um interior bem imbecil. Tinha sido um milagre o Carinha do Cartório
ter escrito seu nome de uma maneira correta. Tal ideia imbecil tinha sido de
seu pai, Diplomata dos Santos, do qual perduraria uma geração de nomes
bizarros. A mãe de Eleonor chamava-se vulgarmente de Maria, mas ela não fará
nada de importante na história.
O Carinha
do Cartório teve dificuldade, a princípio, em escrever o nome de Eleonor B.
Roosevelt. O mesmo perguntou como era para ser escrito e o respeitadíssimo Sr.
Diplomata disse que não sabia, mas tinha que estar certo. Sentindo-se desconcertado,
pois o Carinha do Cartório era perfeccionista e mantinha a sua coleção de uma
única caneta sempre geometricamente alinhada no balcão e suas roupas combinando
com seu estado de espírito, o pequeno homem do cartório, o “Carinha”, assim vulgarmente
chamado por este escritor, tentou, fugindo aos seus princípios perfeccionistas,
escrever o nome Eleonor B. Roosevelt.
- O
“B” é abreviação do que? – perguntou o Carinha do Cartório.
- O
que é abreviação? – indagou o respeitadíssimo Sr. Diplomata.
- É
quando você diminui uma palavra.
-
Mas eu não fiz nenhuma palavra. Eu fiz um nome, “B” é “B” e pronto.
-
Então o nome dela vai ter um “B.” no meio, sem nenhuma explicação.
-
Isso mesmo, é, como você disse, “abravado”.
-
Abreviado? - corrigiu tacitamente o
Carinha do Cartório.
-
Foi isso que eu quis dizer.
O
Carinha do Cartório pediu os documentos do Sr. Diplomata e da senhora sua
esposa, que não terá importância nesta história, e a certidão de casamento.
Logo espantou-se pois notou que o nome completo do Sr. Diplomata era “Diplomata
dos Santos”, sendo assim, não possuindo nenhum Roosevelt no ultimo nome.
-Sr.
Diplomata - disse respeitosamente o Carinha do Cartório - será preciso colocar “Dos Santos” como o
último nome da sua filha.
-
Eu não quero –Sr. Diplomata acendeu um cigarro.
-
Não é se o senhor quer, é lei.
-
Me mostra esta lei.
-
Afê Maria Véi – Maria diz em um misto de raiva incongruente e impaciência
predestinada - põe logo o nome na menina que eu tenho mais o que fazer!
Eleonor
B. Roosevelt seria a caçula durante pouquíssimo tempo, pois seus país já tinham
encomendado a cegonha uma nova criança, aumentando a cria de oito para nove.
Todos os outros filhos tinham nomes absurdos, e sempre era uma pequena disputa
por o ultraje do nome “ Dos Santos” finalizando aquele show de horror. O
respeitadíssimo Sr. Diplomata nunca fora muito religioso, e Dos Santos, o
incomodava um bocado. Em suas próprias palavras, o mesmo dizia: “Não fui, nunca
serei e nunca sererei um santo para
ser Dos Santos.
Mas
a lei é lei e todos possuíam dos Santos. Curiosamente até sua mulher, do qual o
mesmo exigiu que ela assim o fizesse, sendo Maria dos Santos, mas ela não tem
importância na história.
Depois
de exatas três horas de discussão e pesquisa em um antigo código civil, deveras
desatualizado, pois era antecessor a mudança de 2002, eles entraram em um
consenso de, assim, chamar a garota de Eleonor B. Roosevelt dos Santos.
-
Ela será dos Santos, tipo o Silvio Santos – Brincou o Carinha do Cartório.
-
Então tira o “Dos Santos” porque eu não quero que a confundam com o Silvio Santos
– Sr. Diplomata era uma aula viva de lógica, muito puxado do seu pai,
Trioparadadura da Silva dos Santos, do qual era teimoso igual um jumento com
diarreia, e assim como seu avô Pe-pedro Ba-batísta dos Santos, batizado pelo
seu pai gago e por um auxiliar de cartório engraçadinho.
-
Marido, Chega desta putaria, que eu tenho mais o que fazê! – em uma onda de
grito odioso e depois de um falar doce e calmo – Sr. do cartório, põe do jeito
que o sinhô achar melhor, porque lá em casa eu chamo todo mundo de peste, então
não faz diferença!
E assim, Maria encerrou o assunto e nasce
civilmente Eleonor B. Roosevelt dos Santos.
Alguns
meses depois, a história se repetiria com o novo filho do casal: Abreviação
Silvio dos Santos.
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